quinta-feira, 29 de outubro de 2009

De costas para Darfur

Limpeza étnica, crime contra a humanidade, destruição de grupos. Estas são algumas definições para a palavra genocídio. No documentário Lágrimas do Deserto do diretor Paul Freedman a definição é Darfur.

O extermínio de não-árabes no oeste do Sudão é retratado pelas lentes de Freedman nos 92 minutos do documentário que chega agora às locadoras. Com depoimentos de estudiosos, políticos e sobreviventes do conflito, além de cenas e registros fotográficos chocantes, o filme mostra a realidade daquela esquecida região africana.

Lágrimas do deserto faz, logo no começo, um apanhado histórico-politico de Darfur, região oeste do Sudão. Em seguida reconta os caminhos de destruição dos Janjawid desde 2003, quando a matança de tribos não-árabes começou. O documentário também mostra o sofrimento das tantas mulheres estupradas e gravemente feridas pelos rebeldes.

Mas o principal foco de Lágrimas do Deserto é o descaso com que as autoridades mundiais trataram o genocídeo. Freedman faz questão de apontar o governo Bush nos Estados Unidos como um dos principais culpados pela indiferença mundial em relação ao conflito.

O documentário Lágrimas do Deserto retrata a triste história do povo sudanês e critica de forma sutil o conformismo mundial frente à barbárie humana.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Meu amigo Gugu

Procurar coisas na internet é uma atividade que já faz parte da vida de milhões de pessoas pelo mundo e, claro, da minha também. O significado das palavras, as notícias do mundo todo, as respostas para todas as perguntas. Tudo parece estar lá. Disponível. O tempo todo. Pra quem quiser, na hora que quiser, dar um simples clique no ícone “Pesquisa Google”. Mas, infelizmente, ainda não é tudo tão fácil assim...

O primeiro problema do Google é que, no meio de tanta coisa, tudo se torna uma grande confusão. Você procura isto, encontra aquilo. Você procura assim, encontra assado. Não que isso seja totalmente ruim. Eu, por exemplo, já achei coisas interessantíssimas sem procurá-las. Tudo bem, não vamos colocar a culpa no Google, quem sabe não é a Lei de Murphy? “Você sempre acha algo no último lugar que você procura” (que provavelmente não é o Google) ou, “você só vai encontrar quando não estiver procurando” (em qualquer site que não seja buscador).

Muita gente acredita mas, infelizmente, o Google não sabe tudo. Este é o segundo problema dele: o de ser apenas, como o próprio Google diz, um “mecanismo de busca criado em 1998 por Sergey Brin e Larry Page”. Sendo assim, ele não distingui o que é certo do que é errado e não dá às pessoas as informações realmente verdadeiras que elas procuram.

Mas apesar de tudo, o problema maior não é com o Google, é com o que as pessoas fazem dele: um Deus da era contemporânea. Onipresente, onisciente, onipotente. Por incrível que pareça, essas são as características do Google para alguns. Pensam que ele sabe tudo, pode tudo e está em todo lugar. Estar em todo lugar até pode ser. Se não, em poucos anos estará. Mas a onisciência, principalmente, é balela. Já está na hora de ser desmistificada.

Eu gosto do Google. De verdade. Ouso dizer que sou até do grupo “não sei o que seria a minha vida sem o google”. Mas a minha relação com ele não é a de endeusamento. Penso que ele, como um ser humano, pode errar, não está sempre certo, é confuso e, ao mesmo tempo, muito útil para mim. O Google é bom para os que sabem usá-lo: aqueles desconfiados. Acho que se existisse uma Google-Bíblia em alguma parte estaria escrito: “Bem aventurados os que desconfiam do Google, porque será deles o reino da sabedoria”.