domingo, 21 de novembro de 2010

haikai

A arte da escrita
Sento-me cheia de dedos
Para escrever apenas um haikai

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Programa sobre a Língua Portuguesa estreia em outubro na Rádio Udesc


Estreia no dia 4 de outubro o programa “Língua Viva” na Rádio Udesc FM Joinville (91.9). O programa terá, diariamente, dicas de como falar corretamente, curiosidades sobre a língua, análise de músicas, poemas recitados, etc. Serão 5 minutos diários, de segunda a sexta-feira em dois horários: 9h15 e 15h15.
O programa, produzido e apresentado por Talita Rodrigues, é um dos projetos apoiados pelo Edital de Apoio à Cultura do Sistema de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) de Joinville. O projeto previu 50 programetes sobre a Língua Portuguesa para serem veiculados na Rádio Udesc de Joinville. As duas outras emissoras educativas da Udesc, de Florianópolis e Lages, também irão veicular os programas.

O Quê? Programa Língua Viva
Quando? A partir de 04/10, de segunda a sexta-feira, 9h15 e 15h15
Onde? Rádio Udesc FM Joinville 91.9
Mais informações: (47) 3423 0900 ou 8804 8933 - Talita

sábado, 7 de agosto de 2010

Manual para viver sem o jornalismo esportivo

Domingo, 9 de maio de 2010. Sentada numa cadeira do Centreventos, ouço o Jorge Ben passar o som antes de fazer seu show em Joinville. Entre conversas, piadas e cigarros com um amigo, ele vira pra mim e fala:
- Terça-feira sai a convocação do Dunga, né?
Respondo que sim e comento o burburinho do momento: Neymar e Ganso vão, ou não? Ele brinca dizendo que na verdade também está esperando ser chamado pelo Dunga. Diz, com um sorriso, que o técnico já viu suas jogadas e conhece sua habilidade com a bola.

- Que Neymar, que nada, quem vai sou eu! – brinca ele.
Terça-feira, 11 de maio de 2010, de manhã. Abro o twitter da empresa em que trabalho para fazer algum contato com o público. Não dá muito certo. Só se fala na convocação. E todos só querem ler o que se está falando sobre o assunto.

Terça-feira, 11 de maio de 2010, à tarde. A lista de Dunga já saiu e nem vi. Mas me convenço de que saberei em poucas horas a exata escalação sem ler sequer uma notícia. Saio do meu quarto e minha mãe é a primeira a me dar uma informação: o Adriano não vai.

Terça-feira, 11 de maio de 2010, fim de tarde. Entro na van que me leva até a faculdade e imediatamente recebo mais informações sobre as escolhas de Dunga. Não vai Neymar, Ganso e Ronaldinho Gaúcho. Kléberson, que é reserva do Flamengo, é um dos escolhidos. O Ramires, menino que jogou no JEC – o time da cidade, também disputará o mundial.

Terça-feira, 11 de maio de 2010, à noite. Coloco o fone de ouvido, como de costume, ao entrar na BR para fazer o caminho de volta pra casa. Mas hoje o MP4 não serve. O som das pessoas falando ultrapassa o volume das minhas músicas. O assunto em pauta é o óbvio. Mais uma descoberta: Grafite é quem está no lugar de Adriano. Quando chego em casa, confiro no telejornal a escalação já formada em minha cabeça.
Ao fim de um dia inteiro ouvindo as pessoas falarem sobre a convocação de Dunga para a Copa, descobri que não preciso ler jornal para saber dos acontecimentos esportivos. Afinal, tá na boca de todos. Todo mundo sabe e opina sobre o assunto. Cada um tem seu ponto de vista. E, o melhor de tudo, há argumentos.

Mas, onde estão esses argumentos nas discussões sobre política, eu não sei. Ou melhor, cadê as discussões políticas?
- Esse não está em forma, o outro não deveria ser escolhido, aquele lá nunca fez nada pelo Brasil.
É claro que essas frases que ouvimos poderiam ser de indignação sobre a política brasileira. Sobre ‘a forma’ dos políticos em fazer bons projetos. Ou o erro da escolha. Ou, então, o reconhecimento de que ‘aquele lá’ nada faz por nosso país. Mas as opiniões são apenas sobre os jogadores que o técnico da seleção escolheu para disputar um campeonato de futebol.
Analisando a situação contemporânea, percebo que aprendi mais uma coisa. No Brasil, futebol é uma equação simples. Um técnico, algumas palavras e 23 nomes estranhos (Kléberson, Elano, Grafite...) resultam em alguns milhões de indignados. Na política, a conta é outra: um senador, nenhuma palavra e alguns milhões roubados. O resultado? Apenas uns 23 estranhos indignados.

sábado, 27 de março de 2010

Histórias de Cor[ação]


Carol e suas mãos concentradas
Todo mundo tem uma história pra contar. Carol tem várias e as guarda dentro de uma caixinha amarela de madeira. Agora são 10h39 da manhã e as histórias ainda não acordaram, diz ela. Mas, com a ajuda de algumas crianças, elas logo sairão da caixa para povoar o lúdico universo infantil.

Alguém aí sabe em que parte do corpo fica a concentração? – começa ela depois de explicar que esse é o item que se precisa para ouvir uma história. Os olhinhos, as vezes atentos, as vezes dispersos, estão parados à frente de Carolina. Mas logo se movem junto aos corpos procurando o primeiro menino que responde.
- É na cabeça!
Todos os outros repetem: “Cabeça!”, “Fica na cabeça”, “Acho que é na cabeça!”

Não, não. Segundo a contadora, a concentração fica em uma parte do corpo que não é na cabeça, nem na barriga, nem nos joelhos. Fica nas mãos.
- Olha o quanto de concentração tem nas mãos de vocês! Tão vendo? Então esfreguem uma na outra. Agora coloquem as mãos nas orelhas. Pra ouvir uma história a gente precisa de concentração pra escutar, não é?

Todas as crianças seguem sorridentes as orientações de Carol. Colocam suas mãos nas orelhas, para ouvir a história melhor; colocam as mãos nos olhos, para prestar atenção na contadora; colocam as mãos na cabeça, para entender bem o que vai ser contado. Aos que estão sentados, Carol pede para que coloquem sua concentração no bumbum também, para que permaneçam sentados. Os que estão em pé podem colocar as mãos concentradas nos pés.

Pronto! Está feito o primeiro contato. É com o uso da interação que a contadora de histórias Carolina Spieker consegue os primeiros minutos da preciosa atenção de seus expectadores, as crianças. Carol parte, então, para o desempenho de sua função. Depois de “despertar as histórias” batendo na caixinha com a ajuda de algumas crianças, ela pega um dos papeizinhos que lá estão e começa a história do menino João Jiló.

Paralelos a isso estão cadernos, mochilas com cinderelas e super-heróis, canetas de todos os tipos, e livros. Tudo muito colorido. O cenário no qual Carol e suas crianças fazem parte, neste momento, é uma livraria. Lugar agradável, bonito e confortável, mas cheio de fáceis possibilidades para desviar a atenção de uma criança.

Ali estão também os pais. Todos aparentemente jovens, com seus 30 e poucos anos. Alguns deixam seus filhos assistindo a performance de Carol e passeiam pela livraria olhando os títulos. É o caso do engenheiro Abel Serrão, que entre um livro e outro, observa sua filha Isabela de longe para se certificar de que tudo está bem. Faz isso porque, para ele, esse é um momento somente das crianças.

Os outros pais e mães preferem estar entre suas crias. Mas, como não esfregaram suas mãos cheias de concentração nos olhos, orelhas, cabeças e bumbuns, como fizeram as crianças, não param. Não olham, não escutam, não entendem e não ficam no mesmo lugar por muito tempo. Alguns chegam a conversar entre si, bem atrás do tapume onde estão Carol e as crianças.

A difícil tarefa que Carol tem de captar a atenção de todos os pequenos se torna ainda mais complicada com o colorido cenário e a presença dos pais desatentos e agitados. Apesar disso, a contadora não se mostra incomodada um só minuto. Conta a primeira história, a segunda sorteada da caixinha, faz perguntas às crianças, canta músicas. Depois conta a terceira e a quarta história. Tudo com muita tranqüilidade e um tom sereno de voz.

O baú de Juliana e Túlia
É comum que todo contador tenha uma caixa cheia de histórias pra contar. Essa caixa pode estar simplesmente na imaginação ou pode ser real e amarela como a de Carol. Mas Túlia e Juliana usam um baú. Onze crianças, entre 3 e 6 anos, estão sentadas em mini-cadeiras e observam atentas os diferentes objetos que saem daquela grande caixa.

Um avental, um boné, pedaços de tecido e o lenço que transforma Túlia em uma engraçada velha são alguns objetos que as duas contadoras tiram de seu baú. Estes adereços as transformam, em poucos segundos, em mãe, menino, velha e qualquer outro personagem de uma história infantil. A contação de Túlia e Juliana é cênica.

Em meio à pequena platéia está Rafael. O menino, de cabelos pretos em forma de “tigela” e rosto arredondado, não perde a oportunidade de interagir. Foi o primeiro a responder à Carol, no dia anterior, onde fica a concentração. Hoje responde também à Juliana e Túlia, as vezes com palavras, as vezes com risadas.
- Macaco! – diz ele interrompendo Juliana enquanto ela conta que o menino João Bobo deu banana ao papagaio. A contadora sorri explicando que os papagaios também comem banana, assim como os macacos.

A performance de Juliana Apple e Túlia Januário consegue prender a atenção de Rafael, das outras crianças e dos pais que hoje estão mais calmos, em menor quantidade e num lugar com menos opções de distração. As crianças saem empolgadas, com as histórias que aprenderam, e ansiosas para contá-las aos amiguinhos e familiares. Apesar disso, não querem ir para casa. Puxam de forma insistente seus pais até a estante de livros mais próxima.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Lar, verde, lar



O ministro do Meio Ambiente Carlos Minc declarou recentemente que a sustentabilidade é como a camiseta do Che Guevara: todo mundo usa ou é a favor, mas ninguém lembra o que significa. Pois é! A sustentabilidade já faz parte da moda contemporânea. O termo começou a ser discutido na década de 1980, mas é agora, no século XXI, que a palavra chegou à boca do povo. Apesar de ter grande espaço na mídia mundial, pouco se sabe da amplitude do tema. Quem pensa que sustentabilidade é assunto apenas para o marketing empresarial vai se surpreender quando encontrar com ela na própria casa.


Adaptar moradias ao entorno não é atitude do homem das cavernas. Faz parte da proposta dos dias de hoje. A construção e a arquitetura sustentável são novas alternativas para fazer as pessoas ajudarem a preservar o meio ambiente, além de economizar e melhorar a própria qualidade de vida. Tudo isso dentro de casa.


Sustentabilidade na área da arquitetura é muito confundida com rusticidade, diz o arquiteto Mateus Szomorovszky. Muitas pessoas procuram um arquiteto em busca da chamada “casa sustentável” ou “casa ecológica”, mas têm em mente um ambiente rústico para morar. Se essa confusão existe, as pessoas devem saber, primeiramente, o que é uma moradia sustentável.


A tentativa de transformar o edifício em parte do habitat vivo, encontrando nele soluções aos problemas ambientais como na utilização eficiente dos recursos naturais e na reutilização de outros materiais. Esta é a missão da construção e da arquitetura sustentável.


Reaproveitar a água da lavanderia e da chuva, ter janelas que privilegiem a iluminação natural, utilizar resíduos como elementos de construção e decoração. São muitas as possibilidades que uma casa pode ter para ser sustentável. Segundo o arquiteto Mateus Szomorovszky o mercado apresenta cada vez mais novidades em materiais para casas sustentáveis, mas eles devem ser usados de acordo com as necessidades de cada pessoa, região e ambiente.


O projeto de uma casa ou prédio sustentável começa com a análise do terreno e sua localização. O arquiteto identifica as possibilidades de construção no espaço que já existe procurando não modificar elementos naturais e aproveitar as características do local como, por exemplo, o clima, o vento, a luz solar e a sombra. Tudo de acordo com as necessidades do morador.


A segunda etapa do projeto é escolher as práticas sustentáveis que a pessoa quer trazer para dentro de casa. A utilização de placas solares como fonte de energia, a captação da água da chuva para as descargas, a escolha de pisos e azulejos reciclados e etc. Os sistemas e materiais usados nessas construções variam de acordo com cada projeto e necessidade. Isso porque o cumprimento de uma obra sustentável pode pesar no bolso.


Segundo o arquiteto Mateus Szomorovszky, a execução de um projeto sustentável custa em torno de 15 a 20% mais caro. Isso porque, em geral, os materiais custam mais e a mão-de-obra tem de ser especializada. Porém, é evidente que há como benefício uma economia em longo prazo. Já que, como diz o arquiteto Mateus, “a sustentabilidade tem que ser prazerosa, gerar custo/beneficio pra pessoa”.


Ser economicamente viável é o primeiro pilar da sustentabilidade. Os outros são: ecologicamente correto e socialmente aceito. Em resumo, um projeto sustentável tem de fazer bem para o meio ambiente, para a sociedade e também para o bolso das pessoas envolvidas. É aí que entra tantos benefícios que a sustentabilidade pode trazer, seja ela fora ou dentro de casa.


O engenheiro agrônomo e ecologista Gert Fischer tem uma casa ecológica e diz que é gratificante o sucesso de suas práticas sustentáveis onde mora. Isso porque Gert foi além da preocupação com a própria casa e ensinou seus vizinhos a agirem com sustentabilidade. De acordo com Gert, não devemos pensar apenas nas vantagens que temos em praticar a sustentabilidade e cuidar do meio ambiente. “Temos que perguntar quais os serviços ambientais que prestamos e usufruímos e o que isto nos gratifica ou penaliza” – explica ele.


Para os que desejam trazer a sustentabilidade pra dentro de casa sem ter muitos gastos é só seguir o exemplo do ecologista. Gert usa a sustentabilidade em sua casa de forma criativa. Ele construiu uma unidade de coleta da água da chuva com materiais reciclados e mais baratos. Além disso, para proteger a casa do calor do verão, ele revestiu duas paredes de madeira com cercas vivas verdes.


Gert também dá exemplos de aliar a construção sustentável ao bom senso. Ou seja, não apenas com adaptações nas casas, mas com práticas sustentáveis do morador. Ele utiliza o lixo orgânico como adubo para as plantas; separa o lixo reciclável para doar à uma família que obtém seu sustento com isso e alimenta pássaros com restos de comida.


Para o arquiteto Mateus Szomorovszky, este bom senso é indispensável na sustentabilidade. Ele diz que não adianta, por exemplo, uma pessoa ter uma casa sustentável no interior, se ela é obrigada a usar o carro todos os dias para trabalhar na área urbana. Isso porque a sustentabilidade é tão ampla que vai além de uma casa ecologicamente correta.

As ecovilas

Praticar a sustentabilidade vivendo harmonicamente em grupo é a proposta das ecovilas. A idéia de criar comunidades desse tipo surgiu no começo da década de 1990, na Dinamarca. Hoje, quase 20 anos depois, esse conceito se expande pelo mundo todo.


Em Garuva, região norte de Santa Catarina, há uma pequena ecovila. A comunidade fica nos pés da montanha Monte Crista e tem 9 casas com 15 moradores. Fundada à cerca de 7 anos, ela ainda está “migrando do urbano para o alternativo”, diz uma das integrantes do projeto Tereza Geiser.


A Comunidade Monte Crista ainda usa energia elétrica, mas já está em processo de transição para a energia solar. Quanto a captação da água da chuva, nenhum projeto foi implantado ainda já que a água dos morros é abundante, mas a idéia está sendo discutida.


Contudo, há muitas práticas sustentáveis nas moradias. O esgoto é tratado através de um sistema de zona de raízes, que separa o sólido do líquido para não poluir. Os lixos de banheiros são empacotados em jornais com o objetivo de não usar sacolas plásticas. Há a utilização de lixo orgânico nas plantações e o lixo reciclável é também separado.