sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Hoje é dia de rotina

Acordar, escovar os dentes, vestir alguma coisa, ir para o trabalho. Segundas, terças, quartas, quintas e sextas. Quase todo dia, para quase todo mundo, é dia de rotina. Assistir a Ana Maria Braga de manhã, fazer almoço meio-dia e passar a roupa à tarde. Tomar mamadeira, brincar de carrinho, tomar banho para ir dormir. Tudo isso é rotina. Velhos, jovens, trabalhadores ou não. Todo mundo entra na roda.

O dicionário chama de prática constante ou caminho já trilhado. Mas rotina é, na realidade, a melhor opção para manter pessoas desacordadas. Funciona tanto quanto a hipnose. A rotina é um tipo de hipnose. Ela serve para deixar o tempo livre, solto, passando despercebido. Já que, hipnoticamente, muitos continuam a dormir.

O problema maior da rotina é se acostumar a ela. Já diria Marina Colosanti: se acostumar não devia. Não devia porque prende, aliena, enfraquece. E a rotina é quase sinônimo de costume. Mas todo mundo se acostuma, todo mundo tem rotina. Sim, todo mundo de alguma forma. Mas isso não quer dizer que tudo está perdido.

Não é totalmente ruim fazer parte de uma rotina. Não é sempre que a rotina tem o poder de adormecer pessoas. A rotina pode ter algo de bom sim. Pode ter aprendizado. Pode ter a tranqüilidade que tantos desejam. Pode até ter beleza. Pode sim e não é só na música Cotidiano do Chico Buarque. De um modo geral, não há problemas em seguir rotinas, o problema é fechar os olhos.

Manter os olhos fechados já é uma prática social. Depois de anos de evolução e tecnologia, a sociedade decidiu parar de enxergar. Não ver o que não se quer ver. Não ver o que incomoda, perturba. Ou, simplesmente, não ver o que é simples. Essas práticas, infelizmente, já são comuns.

Acordar, fazer almoço de manhã, trabalhar à tarde, assistir um filme a noite e não tomar banho antes de dormir. Não importa a ordem ou a atividade. Não importa se é velho, rico ou andarilho. Se morre pra não perder a Ana Maria Braga ou se nem tem tempo de ligar a televisão. Importante é estar de olhos abertos. Não se acostumar. Hipnose? Só com hora marcada.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A adormecida academia joinvilense

Se Machado de Assis fosse catarinense, estaria se revirando no túmulo. Isso porque a maior cidade do estado, curiosamente, não possui sua própria academia de letras. A verdade é que já possuiu e, se não bastasse isso, foi a primeira a ser fundada em Santa Catarina.

A Academia Joinvilense de Letras foi fundada em 15 de novembro de 1969 com o apoio do então prefeito Nilson Bender. Catorze escritores assinaram os Estatutos como sócio-fundadores. Entre eles estava o advogado Carlos Adauto Vieira, o deputado federal Carlos Gomes de Oliveira e o historiador Adolfo Bernardo Schneider que foi eleito presidente da academia.

“O lançamento daquela aventura foi com pompas, nos salões da Sociedade Harmonia Lyra, ratificado pela presença, em peso, da Academia Catarinense de Letras e representantes da Academia Brasileira de Letras” – lembra um dos sócio-fundadores Alcides Buss.

Hoje, prestes a completar 40 anos, a Academia Joinvilense de Letras permanece adormecida. Algumas das provas de sua existência sobrevivem esquecidas no arquivo histórico de Joinville. Os documentos esperam silenciosamente por uma nova sede. Mas, até agora nada.

No ano passado, a câmara de vereadores de Joinville apresentou, através de uma vereadora, uma moção à favor da volta da academia. O documento pedia ao prefeito a nomeação de “uma nova Comissão de Organização da Academia Joinvilense de Letras”. Mas, infelizmente, a solicitação não foi atendida.

Com a chegada de um novo governo, a moção foi representada este ano. E, mais uma vez, nenhuma resposta. Os novos membros que deveriam ser convidados, à pedido da moção, para “compor e enriquecer essa academia”, ainda não foram convocados. E a academia continua inativa.