sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Melhor ficar calado, Zé!

Artificial. Essa sem dúvida era a palavra que definiria o ator global José de Abreu, na noite de ontem. A peça “Fala, Zé” estrelada por ele foi apresentada às 20h no Teatro Juarez Machado em Joinville. Nela, o ator se mostrou de forma plástica e com pouca naturalidade.
O texto assinado por Angel Palomero e Walter Daguerre conta uma história, que supostamente é do próprio ator, e a relaciona com alguns fatos históricos. O ponto de partida é a aparição do “Arcanjo Gabriel” (interpretado também por José) projetado num dos telões. Depois de uma rápida e desentendida conversa, o Anjo diz à José de Abreu que sua missão ali, naquela noite, era falar. E profetisa, então, a frase que dá nome à peça:
- Faaaala, Zé! Desencadeando o espetáculo com tal sentença, o personagem/ator começa a contar sua história de vida.
Cronologicamente, o monólogo passa por fatos importantes na história do Brasil e do mundo tais como: a ditadura militar; o movimento estudantil na década de 60; o movimento hippie e o cinema novo. Em meio a tais fases históricas aparecem personagens como Caetano Veloso, José Dirceu e Glauber Rocha, imitados também por José. Além disso, há fotos e filmagens de alguns momentos contados com projeções enquanto o ator troca de figurino.
O jeito plastificado que José atuou no palco não condisse com o imaginário do roteiro. Isso porque, na peça, o ator interpreta ele mesmo ou, ao menos, alguma coisa parecida com o “personagem dele mesmo”. Mais parecia um personagem atuando no papel de um personagem. Não um ator fazendo um personagem. Ou melhor: um ator fazendo o personagem mais natural que poderia ser feito que é o seu próprio personagem!
Deixando de lado a figura do ator, o espetáculo foi uma boa aula de história fazendo o público reviver momentos bons e relembrar coisas que até o “Zé” diz ser melhor esquecer. O enredo também, mesmo sendo comédia (e de ator da Globo), não era dos piores. O que estragou mesmo foi o “Zé” e seu desempenho inesperadamente A-R-T-I-F-I-C-I-A-L.

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